Texto para mim

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Universo. Só universo. Uni-verso. U inverso. Une o inverso.

 

E só porque o que eu sinto é infinito e o sinto escorrer por entre minhas mãos, mas nunca de minha vontade. Olho para as palmas de minhas mãos. Estão estáticas e, por um momento, sem vida.

 

Sinestesia Dali, sinestesia daqui. A combinação de notas musicais me leva a lugares que não posso e nem consigo estar, todavia desejo conhecê-los. Então, eu estive lá e as estrelas sorriram para mim. Disseram-me para emprestar alguns pedaços da Lua e construir minha própria ponte para o destino.

 

Mas eu rio do destino. Um riso tão fluido, que se mostra temeroso. Não há nada que não possa ser mudado e o esforço é qualidade fundamental para quem diz ter objetivo. Eu vejo seus objetivos tradicionais e não sei se concordo. Por que deveria me envolver em sua vida? Dou-lhe, não um, mas quantos sorrisos forem suficientes para lhe mostrar meu apoio.

 

E digo: sinta a melodia do universo pairando por sua mente, perambulando em seus pensamentos e debochando de sua insignificância frente à existência. Deixe-se envolver por esta melodia, decifre-a e harmonize-se com ela.

 

Sinta a expansão deste mesmo universo e observe o quanto sua sede de vida cresce! É como se se assemelhasse a uma respiração profunda, mas tão profunda, que sua feição sorriria aliviada. E eu lhe daria um ramo de margaridas coloridas.

 

Encontro-me, então, solitária, mas de fato não o estou: sinto a demência de Dostoiévski, a esquisitice de Kafka, a melancolia de Cronin e a exatidão corajosa de Tolstói! Ninguém escreve ao coronel, mas eu gostaria de fazê-lo.

 

A experiência não é barata, mas a covardia é uma patologia do ser humano. “Isto porque ele conhece a dor”, já diria um filósofo de bar. E nossos pequenos príncipes? Ando duvidando de sua índole. Gostaria de julgá-los, mestre Lobato? Peça permissão à Srta Malfatti, por favor.

 

Sinto as mãos de ferro de Thor de desvencilhando de meu punho e percebo seu machado caído ao chão. Fatos suspiram mudanças de tempo. Basta observar a história para prever o futuro. Não, não basta. Consideraria tal atitude um escárnio para com a capacidade humana. Ah, reles mortais!, se querem o paraíso, entendam-se com Osíris.

 

Construam templos e indústrias. Para isso, movam (retirem) montanhas. Natureza inconveniente essa nossa. Permitindo-me uma digressão, gostaria de citar Prometeu: “saia águia, meu fígado, não!” Afinal, tempos difíceis e loucos o exigem aqui dentro de mim, em seu devido lugar, e o que posso fazer e dar de ombros.

 

Veja bem, leitor: os inversos e diversos convergem em um só fim. 

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