Arquivo mensal: julho 2011

Diálogo que nunca existiu

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Sinto que vou cair em minha cama igual um guerreiro que cai em combate. Sonharei sonhos de uma vida eterna. Meus olhos, perdidos na escuridão inerente do sono, vagarão desesperados entre minhas memórias, delírios e pensamentos. Os cinco puxarão uma cadeira e, servindo-se de uma cerveja, conversarão. Vão rir. De mim. Do mundo. Acredito que eu possa explicar o motivo, leitor.

Todos eles, mesmo que intangíveis, fazem parte desse mesmo mundo. E, por mais que eles não me contem tudo o que sabem, sei que compreendem completamente o mundo. O mundo é uma piada – ouço-os debochar. E, amigo leitor, sabe do que o mundo é feito? De você, de mim e nossos semelhantes.

Nossas virtudes estão misturadas e esquecidas nas sujeiras jogadas debaixo do tapete. Nosso orgulho mostrou ser capaz de inflar, todavia arrisco dizer que é uma lástima que ele não saiba reconhecer as ocasiões propícias. Nossos sentimentos…saudosos sentimentos! Foram usados sem responsabilidade e hoje andam disfarçados, receosos (com razão!). A beleza de tão almejada se tornou esnobe e vulgar. Ouvi dizer que se mostra defasada na imaginação das pessoas. Nossa coragem, tão valorizada!, mostrou ser mesquinha e não confiável. Nossa humildade perdeu sua essência e, pelo que dizem, pegou gosto de ser referenciada agora como “humilhação”.

Leitor! Perceba: nosso afeto se protege com um escudo de espinhos! Ah, não me pergunte sobre nossa empatia. Esta se perdeu em algum momento do tempo e já não a ouço mais. Nosso humor, bom vivente, não suportou a mudança de tempos e se coloriu por inteiro de cinza. Alerto que este cinza se torna lindamente vivo quando a felicidade aponta risonha no horizonte.

Muito bem salientado, amigo. O conformismo abraçou nossa esperança. Ela permanece viva, mas presa. Estando presa, é incapaz de articular com nossas atitudes. Não me pergunte mais nada, estimado leitor. Sei de sua sincera preocupação com o mundo, porém já basta. Pelas coisas ditas e por muitas outras que serão comentadas em minha mente enquanto durmo (já sinto cadeiras se arrastando), que lhe digo, leitor: sirva-se de uma cerveja, por favor.

 

Victor Hugo

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Reflexões calejadas pelo véu do tempo

Posicionam-se contra a mão do destino

Ferozes, rígidas, graciosamente ingênuas.

Instigadas por uma freqüente instabilidade amena,

Compreendem a patologia das sensações e

Delineiam os acontecimentos, falsas cartomantes!

Com frescor atemporal, irônicas e maldosas,

Zombam da linha da vida, desprezíveis ninfas!

Evaporam-se em arrependimentos opacos e firmes.

De modo doentio e incolor, o Presente,

Grande algoz!, surpreende a si mesmo e

Consome o último suspiro destas reflexões.

Elas harmonizam-se com os fatos, amáveis

Quebram-se em doentios agrados ao futuro

Deplorável, vulgar e, céus!, contínua rotina!