Sem nome

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O choro de instrumentos

Colore minhas lágrimas

E invoca minha alma

A sentir, a ser e só.

 –

O murmúrio dos passos

Atrai meus olhos e

Suga minha respiração!

“O marasmo da rotina” – alego.

 –

O suspiro das melodias

Idealiza a natureza, a perfeição.

E eleva a dor e o remorso.

Vontades sinceras, maldosas!

 –

Pessoas aqui, ali e lá

Soltas, falsas e felizes.

Fluidas, como música.

Náusea

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Na sola de meus pés desnudos

Palpitam restos de boa conduta.

Indago que caminho asqueroso tenho trilhado

E, hipócrita, enoja-me a postura alheia.

Minha visão se volta para algo,

Que tento, mas não posso ver.

Todavia, sinto: meu íntimo tem estipulado

perfeitamente bem o que quer.

O inconveniente é não estar sozinho nesta vida.

E a alegria também.

A incerteza é peça cotidiana

E já não quero sentir culpa.

Palavras dispersas

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A suavidade da juventude,

Elucidada em uma leveza imatura,

Debocha de meus medos

Amarrando-os em um canto qualquer.

Com o movimento estático,

Deixo melodias revigorarem meus bons momentos

E sinto meu corpo formigar, despreocupada

Meus olhos sorriem saudosamente

Um novo alguém, um novo episódio.

Palavras dispersas, livres e oportunas!

Uso-as como bem entendo…

E não me importa o sentido de casa verso.

Não me interessa o sentimento das palavras,

Todavia Elas não esquecem o meu!

E o querem proclamar!

Resisto, e já não consigo.

Amo estas palavras inconvenientes,

Amo essa suavidade dócil e explosiva,

Amo esse novo alguém,

E amo esse novo episódio.

 

 

Reflexão

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Não desenvolvi um texto com essa idéia, todavia, gostaria de compartilha-la com você, leitor. Pense a respeito e tente escrever seu próprio texto, caso se sinta à vontade para isso. Minha idéia se resume em menos de dez palavras…

“É engraçado o preço que acabamos colocando numa vida.”

Quero atrelar uma observação, que acaba de me vir à cabeça! Estatísticas são tão frias! A melhor pessoa do mundo se torna maldosa ao dizer que 1000 pessoas morreram atrás de nossos olhos. Pois eu digo, leitor, que uma vida é muito e você está vivo.

Recortes de Diário

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Itajubá, 10 de Setembro de 2011

Rodoviária.

Acabei de perder meu ônibus e logo irei para casa, meu pai vem me buscar. Estou sentada, com a mala entre as pernas, de frente para o Novo Hotel. O lugar que vejo me dá vontade de voltar uns 50 ou 60 anos no tempo. Céus! Essas vontades quase machucam minha carne, de tão fortes. O vento me causa arrepios e me sinto invisível neste lugar. Amigo, hoje não quero me servir de parágrafos – entenda. Entenda que minha cabeça está confusa e, por isso, meu texto também o será. “Uma mansão de R$450 mil” – ouço uma senhora dizer, inconformada. Burburinhos me são confortáveis, só as músicas que não. Passei por momentos difíceis nos últimos dias e me despreze, leitor: sem motivos! Cada dia mais, sinto que não posso interferir na lógica do mundo capitalista e muito menos na lógica da vida. Vou para casa. E um dia irei de verdade.

Nota: (…) As pessoas não deveriam ter medo de se machucar em um relacionamento… afinal, toda experiência é válida e todo sentimento existe para ser vivido.

Vou para casa. A hora estala em meus pensamentos.

 

Recortes de Diário

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Leitor, não se ofenda com a intimidade desse próximo texto. Este texto é real, de fato.

 

Itajubá, 02 de Agosto de 2011

Uma instabilidade confortável acomodou-se em meu cérebro. Em certos momentos, sinto-a encravada em mim para sempre. Percebo que não tenho um estilo de escrita, mas minha marca fundamental são as digressões. Como me agrada exaltá-las! Estou de volta a Itajubá, tranquila. Um pouco preocupada, mas tranquila. Parece que venho vivendo na expectativa de que algo está prestes a acontecer. É uma pena estar demorando tanto. Afinal, qualquer que seja a surpresa, boa ou ruim, meu sentimento será belo. Sim, esta é a lógica do sentimento, leitor…arrisco dizer que é a única lógica. Desafio: ria, leitor! Tu és tão despreparado para a morte quanto eu!”

Diálogo que nunca existiu

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Sinto que vou cair em minha cama igual um guerreiro que cai em combate. Sonharei sonhos de uma vida eterna. Meus olhos, perdidos na escuridão inerente do sono, vagarão desesperados entre minhas memórias, delírios e pensamentos. Os cinco puxarão uma cadeira e, servindo-se de uma cerveja, conversarão. Vão rir. De mim. Do mundo. Acredito que eu possa explicar o motivo, leitor.

Todos eles, mesmo que intangíveis, fazem parte desse mesmo mundo. E, por mais que eles não me contem tudo o que sabem, sei que compreendem completamente o mundo. O mundo é uma piada – ouço-os debochar. E, amigo leitor, sabe do que o mundo é feito? De você, de mim e nossos semelhantes.

Nossas virtudes estão misturadas e esquecidas nas sujeiras jogadas debaixo do tapete. Nosso orgulho mostrou ser capaz de inflar, todavia arrisco dizer que é uma lástima que ele não saiba reconhecer as ocasiões propícias. Nossos sentimentos…saudosos sentimentos! Foram usados sem responsabilidade e hoje andam disfarçados, receosos (com razão!). A beleza de tão almejada se tornou esnobe e vulgar. Ouvi dizer que se mostra defasada na imaginação das pessoas. Nossa coragem, tão valorizada!, mostrou ser mesquinha e não confiável. Nossa humildade perdeu sua essência e, pelo que dizem, pegou gosto de ser referenciada agora como “humilhação”.

Leitor! Perceba: nosso afeto se protege com um escudo de espinhos! Ah, não me pergunte sobre nossa empatia. Esta se perdeu em algum momento do tempo e já não a ouço mais. Nosso humor, bom vivente, não suportou a mudança de tempos e se coloriu por inteiro de cinza. Alerto que este cinza se torna lindamente vivo quando a felicidade aponta risonha no horizonte.

Muito bem salientado, amigo. O conformismo abraçou nossa esperança. Ela permanece viva, mas presa. Estando presa, é incapaz de articular com nossas atitudes. Não me pergunte mais nada, estimado leitor. Sei de sua sincera preocupação com o mundo, porém já basta. Pelas coisas ditas e por muitas outras que serão comentadas em minha mente enquanto durmo (já sinto cadeiras se arrastando), que lhe digo, leitor: sirva-se de uma cerveja, por favor.

 

Victor Hugo

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Reflexões calejadas pelo véu do tempo

Posicionam-se contra a mão do destino

Ferozes, rígidas, graciosamente ingênuas.

Instigadas por uma freqüente instabilidade amena,

Compreendem a patologia das sensações e

Delineiam os acontecimentos, falsas cartomantes!

Com frescor atemporal, irônicas e maldosas,

Zombam da linha da vida, desprezíveis ninfas!

Evaporam-se em arrependimentos opacos e firmes.

De modo doentio e incolor, o Presente,

Grande algoz!, surpreende a si mesmo e

Consome o último suspiro destas reflexões.

Elas harmonizam-se com os fatos, amáveis

Quebram-se em doentios agrados ao futuro

Deplorável, vulgar e, céus!, contínua rotina!